Ontem, sindicatos integrantes do fórum dos servidores públicos fizeram uma manifestação na Assembléia Legislativa utilizando banners contra o Governo Yeda. Os mesmos banners já tinham sido utilizados em outra manifestação e, da mesma forma, foram retirados pelos seguranças do governo por conter mensagens ofensivas, aos gritos de “abaixo a ditadura” por parte dos manifestantes.
Ontem, o governo Chinês proibiu o Twitter, Flickr, Bing, Blogs e outras redes sociais e, anteriormente, já tinha proibido YouTube, Blogger e WordPress (esse no qual escrevo). Pelo que li, o governo chinês quer calar os manifestantes e impedi-los de se organizarem para o aniversário de 20 anos do massacre na Praça Celestial, o Tiananmen, onde 100.000 estudantes protestaram contra a repressão e corrupção do Partido Comunista, que respondeu com uma série de mortes, alguns dizem 400 e outros 10.000.
Ontem, a comunicação era impreterivelmente presencial, uma manifestação poderia ter diversos tons ou ideais, mas as pessoas tinham que se unir fisicamente, gritar o mais alto possível, ecoar por toda a cidade para que mais pessoas se juntassem e a causa ganhasse proporções tamanhas, a ponto de que o barulho impossibilitasse o sono de quem dorme na torre mais alta do castelo.
Hoje, a comunicação é em nuvem, o boca-a-boca é exponencial e a presença física não é mais necessária para causar alguma mudança. Temos milhares de ferramentas à disposição, elas são fáceis de usar, não impedem tons difamatórios e custam muito menos que um banner.
Hoje, é impossível vetar qualquer tipo de aproximação de pessoas, troca de arquivos, protestos, manifestações, sarcasmos… No Brasil ainda temos uma cultura muito aberta e com direito de expressão. (Galera, a ditadura já se foi e bem antes da fita K7!). Na China, o governo é muito mais culhudo, mas não impede que aplicativos, tipo TweetDeck, sejam rodados e que a conversa continue.
Mesmo assim, por aqui, a manifestação foi um sucesso, ganhou a página 10 da Zero Hora e tal. Então, será que está tão fácil assim? Por que todo mundo não protesta? Ou são pessoas que tem coisas mais importantes para fazer como, por exemplo, escrever um blog, subir fotos do último churras, combinar o próximo, xingar as companhia telefônicas pelo Twitter ou falar com amigos gringos pelo Facebook?
[…] · Deixe um comentário Sério, o pessoal da ZH leu meu post do dia 03/06, onde eu defendo que hoje a forma e, principalmente, o meio de fazer protesto e […]
Eu li teu post! Li tudo. Li. Sério, li.
Mas as pessoas são em geral preguiçosas. Não lêem mais que 140 caracteres, como tu mesmo diz. Eu também sou preguiçoso. Não teria lido esse post se tu não tivesse pedido. Esse meu comentário, por exemplo… Nem tu vai ler.
(E o Twitter é o ícone da preguiça se comparado a outras redes. Tu só precisa digitar uma frase para “socializar”.)
Acho que a Internet aproxima as pessoas sim, mas, como todos sabemos carecamente, nos deixa mais individualistas. Veja bem, não nos relacionamos com mais ninguém nas nossas tarefas ordinárias: não há mesas com pessoas discutindo debruçadas sobre livros no Wikipedia; Não há trens passando, catracas girando, pessoas correndo e um burburinho constante no MSN. Não há um caixa burro e uma fila catastrófica de gente no site do HSBC.
Não vemos mais pessoas. E os olhos são mais reveladores que um twit.
Tu quer que a Geração 140 Carateres promova uma revolução? A palavra de ordem da Web é FACILITAR (não sou eu quem diz isso, são os estrategistas da campanha do Obama).
Se for para assumir causas, alguém tem que deixar este processo muito fácil para as pessoas assumirem. “Clique aqui e adote a causa pelo encontro físico”… Algo do tipo.
O próprio http://improveverywhere.com/ sugere a estratégia de facilitar a adoção da causa. A Pedigree, por exemplo, coloca um 0800 em destaque nos anúncios.
Tens a razão, Fernandinho. Realmente, hoje nós não abraçamos uma causa com afinco, não temos um ideal, estamos com escassez de heróis. Procura-se um Luther King, um Che, um Mandela, Kerouac, Lennon… Ninguém quer saber do Bob Geldof em Cannes. Em compensação, temos dezenas de milhares de cantores preferidos, mais de mil posts não lidos nos feeds, seguimos 200-300 pessoas interessantíssimas ao mesmo tempo e ainda lemos post gigantes dos amigos. Sinceramente, não sei o que dá mais trabalho…